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Ingredientes alternativos: Uma estratégia para maximizar os resultados no cenário de altos custos de matérias-primas

Ingredientes alternativos: Uma estratégia para maximizar os resultados no cenário de altos custos de matérias-primas

mercado de commodities está aquecido, tanto pelo cenário internacional positivo para aquisição de grãos brasileiros, quanto pela demanda interna que, além da ração animal e da alimentação humana, ainda tem a pressão causada pela indústria de etanol e de biodiesel. Nos últimos 12 meses o custo do milho subiu 72%, o do farelo de soja 25e o do óleo degomado 31%, afetando o custo de produção dos frangos em, aproximadamente, 53%. Este cenário exige dos produtores maior capacidade analítica dos dados e de novas estratégias para minimizar os custos das raçõesuma vez que elas representam cerca de 70% dos custos na produção de aves. 

Fonte: Adaptado de Chicago Board of Trade, 2021

Neste momento é fundamental realizar tanto a análise estratégica do negócio, quanto a nutricional. Na análise estratégica é importante verificar não apenas o volume de produção de aves, idade, número de lotes/ano, densidade de alojamento, mas fazer um diagnóstico embasado na análise de dados e no uso de modelos preditivos. Nestas análises, com o uso de modelos matemáticos, são criados cenários permitindo o produtor avaliar o quanto produzir e quais mudanças são necessárias na produção e nas dietas para garantir a máxima rentabilidade, direcionando a sua tomada de decisão.
Na análise nutricional é importante a avaliação das formulações para minimizar custo, desde ajustes na proteína ideal, aumento da frequência das análises laboratoriais para atualização dos nutrientes nos softwares de formulação, uso de aditivos para otimização das dietas, como também avaliar a viabilidade de alimentos alternativos ou subprodutos, que são uma opção para os nutricionistas no cenário de altos custo das matérias primas.
As pesquisas com foco nos ingredientes alternativos têm possibilitado a indústria utilizá-los, mantendo o desempenho produtivo dos animais, com uma redução de custos das rações. Algumas tecnologias vêm sendo desenvolvidas para maximizar o uso de ingredientes alternativos desde o melhoramento genético dos grãos (reduzindo ou eliminando fatores antinutricionais), a definição precisa das composições bromatológicas dos ingredientes, através da química úmida ou do NIR (Near infrared Spectroscopy), assim como o uso de aminoácidos cristalinos, na correção das variações nutricionais identificadas e o uso aditivos enzimáticos, com foco na redução destes efeitos antinutricionais.
A Cargill conta com o CNS (Cargill Nutrition System) que trata-se de um ecossistema, composto por ferramentas de modelagem, excelência em pesquisa, validação e desenvolvimento de metodologias de análises e um banco de dados que combina com o conhecimento dos especialistas da Empresa, sobre as necessidades dos animais para crescerem e serem saudáveis.
O CNS é o maior sistema de nutrição global, contendo uma extensa lista de ingredientes, nutrientes, ferramentas e especialistas, como:

  • Mais de 2.000 ingredientes exclusivos, usado constantemente, por 14 bilhões de animais em todo o mundo.
  • Mais de três milhões de amostras analisadas anualmente.
  • O maior banco de dados de Near-Infra-Red Reflectance (NIR) do mundo com mais de 500 instrumentos NIR, realizando 13 milhões de análises de nutrientes por ano.
  • Mais de 500 profissionais de pesquisa e desenvolvimento na área de nutrição.
  • Biblioteca de 700 nutrientes exclusivos que descrevem as características dos ingredientes que representam as espécies e seus estágios de vida.

Através de todo o conhecimento e o suporte da plataforma CNS, A Cargill, através de seus técnicos, tem segurança em levar aos clientes algumas alternativas neste período de altos custo do milho e do farelo de soja.
Os ingredientes alternativos podem possuir fatores antinutricionais que interferem na absorção de nutrientes (taninos, fitatos, fibra, gossipol (livre ou conjugado), ácido erúcico, glucosinolatos, ácido clorogênico). Apresentam variabilidade na composição de aminoácidos, podem conter micotoxinas e reduzem a permanência da ração no trato intestinal (polissacarídeos não amiláceos insolúveis) e/ou podem influenciar a multiplicação de microrganismos patogênicos (polissacarídeos não amiláceos solúveis).
Para minimizar o efeito dos fatores antinutricionais dos ingredientes, são usadas enzimas exógenas que, além de suplementar as enzimas endógenas, produzidas normalmente em baixa quantidade ou não produzidas pelas aves, também reduzem a variabilidade dos ingredientes de baixa digestibilidade/qualidade, aumentando a digestão de carboidratos complexos (arabinoxilanos e B-glucano) e liberando o fósforo fítico. Entre as enzimas disponíveis no mercado podem ser destacada fitase, xilanase, B-glucanase, protease e suas combinações, como ferramentas para otimizar as formulações com ingredientes alternativos.
O aumento da síntese dos aminoácidos cristalinos (lisina, metionina, treonina, valina, isoleucina e arginina) pela indústria, permite aos nutricionistas o balanceamento ideal das rações com subprodutos ou coprodutos, atendendo as necessidades das aves em cada fase de produção, reduzindo o custo da ração.
Os principais ingredientes que podem ser considerados alternativas ao uso de milho e de farelo de soja nas rações são sorgo, milheto, DDGS (grãos secos de destilaria com solúveis), glúten 21 e 60%, farelo de girassol, farelo de arroz desengordurado, farelo de trigo, trigo em grão, triticale, farelo de canola e outros ingredientes, incluindo os cereais de inverno (cevada, centeio, aveia, canola).
O preço de oportunidade é um dos gatilhos para o produtor. Entretanto, entender algumas características dos ingredientes alternativos garante a redução do custo por quilo de frango produzido. No último ano o custo de unidade de energia saltou de R$0,45/kcal/ton para R$1,04/kcal/ton da dieta. O custo da proteína aumentou 30% enquanto o fósforo 75%, o que torna a utilização destes ingredientes associados aos aminoácidos cristalinos, óleos e enzimas fundamental para redução dos custos.
No entanto, é necessário entender os pontos positivos e negativos de cada um destes ingredientes, para maximizar seus resultados.
O milheto e o sorgo são culturas sazonais que apresentam alta resistência às variações pluviométricas, mantendo suas produtividades. Ambos têm a composição nutricional semelhante ao milho, porém com 45 a 70% a mais de fibra bruta, o que faz com que apresentem menor energia metabolizável, sendo necessário ajustar as energias das dietas com óleo ou gordura animal. O sorgo pode variar em coloração do branco, passando pelo laranja e vermelho, sendo uma fonte com características nutricionais que podem ser semelhantes ao milho, mas com baixo conteúdo de xantofilas, o que pode afetar a pigmentação das aves. As cultivares atuais de sorgo estão sendo desenvolvidas com genes recessivos para taninos e inibidores de tripsina mas, ainda assim podem apresentar um risco potencial para estes fatores antinutricionais, que afetam a digestibilidade da proteína. Por seus tamanhos reduzidos, os ajustes nos moinhos são importantes para aumentar a superfície de contato das enzimas digestivas ou exógenas (enzimas fibrolíticas, fitases e proteases).
O glúten de milho é apresentado com 21 ou 60% de proteína bruta. O glúten 60% apresenta alta metionina, baixas lisina, triptofano e arginina em relação ao farelo de soja. Entretanto, possui alto conteúdo energético. Ao contrário de algumas variedades de sorgo, o glúten é rico em xantofilas (200 a 500ppm), em média 10 vezes superior ao milho em grão. Por ter variabilidade na umidade (>12%) e relativa alta higroscopicidade, este ingrediente pode petrificar, assim como, se tornar um ambiente propício para multiplicação de fungos, que podem permitir o aparecimento de micotoxinas e, neste caso, torna-se importante o uso de adsorventes.
O triticale é um cereal híbrido que combina a produtividade e o rendimento do trigo e a rusticidade do centeio. Este ingrediente está presente na região de São Paulo e no Sul do Brasil. Apresenta energia mais baixa que o trigo e maior do que a centeio e pode apresentar variação de PB de 8 a 16%, com baixa quantidade de leucina. Seus fatores antinutricionais são os altos teores de fibra (arabinoxilanos solúveis), taninos, fitatos, inibidores de proteases e resorcinol. O uso da associação de carboidrases (especialmente ricas em xilanase e B-glucanases) e protease potencializa o emprego deste ingrediente.
A cevada, como os demais cereais de inverno, apresenta abundante conteúdo de polissacarídeos não amiláceos (B-glucanos, arabinoxilanos, xilanos e glucomananos) podendo impactar a digestibilidade dos nutrientes, a qualidade da cama e, para poedeiras, aumentar o percentual de ovos sujos, sendo fundamental o uso de enzimas exógenas. Seu teor de proteína é de aproximadamente 10%, apresentando boa digestibilidade (80%) e alto teor de lisina e metionina.
O farelo de colza apresenta proteína que varia entre 21 e 36% e extrato etéreo de 43,5 a 51%. É rico em ômega 3, vitamina E e met+cis digestível, mas possui baixa lisina e a digestibilidade proteica é mais baixa que a do farelo de soja. Entretanto, a presença de ácido erúcico e glicosinolatos, limitam sua inclusão. Acima de 4 micromol/g de glicosinolatos e 1% de ácido erúcico, a digestibilidade nutricionais das aves se vê afetada. Algumas cultivares de colza foram melhoradas geneticamente para obter variedades com baixos níveis de ácido erúcico e de glucosinolatos, e foram denominadas canola. O termo canola, significa em inglês canadian oil, low acid, que pode ser incluído em até 5% das dietas da fase final.
O farelo de girassol pode apresentar um conteúdo de fibra alto, em função do seu processamento (inteiro, parcial ou totalmente descascado) e pode afetar a digestibilidade dos ingredientes ingeridos pelas aves. Além de baixa energia e baixa lisina, este ingrediente pode aumentar a umidade da cama e diminuir a qualidade dos ovos de poedeiras. Desta forma, a utilização de enzimas exógenas permite a inclusão de até 8%.
O farelo de arroz pode ser integral com um percentual de 10 a 18% de óleo ou desengordurado que varia de 2 a 4%. Por ser rico em óleo (ácido linoleico, por exemplo), esta matéria-prima é mais propensa ao processo de rancificação. Além disto, pelos altos níveis de fitato e arabinoxilanos, requerem o uso de fitase, fundamental quando esta matéria prima é utilizada.
Com o aumento das usinas de produção do etanol, o DDGS passou a ser uma alternativa na produção das aves. O DDGS pode ser classificado em standard, low fat (baixa gordura e alta fibra) e high protein (alta proteína e baixa fibra). Em função do tipo da usina (total ou flex) e o método de extração do amido para produção de etanol, pode ser encontrada uma grande variabilidade na composição nutricional desta matéria-prima. Em geral, concentra os valores nutricionais do milho em 2,5 a 3 vezes, após a extração do amido para o etanol. Este pode ter uma inclusão média ao redor de 12% na ração.
O farelo de mandioca integral (raiz com casca) é um alimento energético por apresentar cerca de 70% de amido. No entanto, possui baixos níveis de proteína (3 a 6%). Possui o nível de lisina proporcionalmente alto e reduzido conteúdo de aminoácidos sulfurados (metionina e cisteina) e triptofano. Por apresentar pouca quantidade de pigmentos, como carotenóides e xantofilas, assim como o milheto e o sorgo, as aves alimentadas com dietas contendo o farelo integral de mandioca podem apresentar baixa pigmentação da pele e menor coloração da gema do ovo. Além disto, apresenta baixo teor de ácidos graxos, em essencial o linoleico, o que pode causar a redução da produção e tamanho de ovos, como também morte embrionária.
O farelo de algodão é uma matéria prima rica em proteína e apresenta baixa digestibilidade da lisina (64%), pela presença do gossipol, um potente fator antinutricional. Concentrações acima 100mg/kg pode afetar o desempenho das aves, especialmente no início da produção. Uma alternativa para minimizar os efeitos do gossipol livre é empregar sulfato ferroso (1:1) ou 0,1kg de sulfato ferroso/ton de ração.
Desta forma, para o melhor aproveitamento dos ingredientes alternativos é importante conhecer suas características nutricionais, avaliar a qualidade dos mesmos e analisá-los com precisão, para ajustar as equações na formulação, com a frequência necessária. Além disto, definir sua inclusão máxima, ajustar os aminoácidos com fontes cristalinas e determinar o perfil adequado de enzimas ou blend enzimático, pode garantir maior aproveitamento das frações indigestíveis e reduzir os efeitos antinutricionais destes alimentos, possibilitando o uso estratégico sem afetar o desempenho dos animais.

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