Nutron Blog
That's right, we only sell 100% organic
+1 (850) 344 0 66
Estratégias nutricionais para máximo desempenho da fêmea lactante e da leitegada

Estratégias nutricionais para máximo desempenho da fêmea lactante e da leitegada

Baixo peso do leitão ao nascimento, desuniformidade de leitegada, aumento da mortalidade neonatal, baixo peso ao desmame, perda de peso excessiva da fêmea lactante, aumento do intervalo desmame-cio, queda de desempenho reprodutivo nos partos subsequentes. Quem nunca foi confrontado por esses desafios, que atire a primeira pedra.

A fase de maternidade/lactação é considerada a mais complexa do sistema de produção de suínos. Essa, engloba duas categorias completamente distintas em termos fisiológicos e metabólicos (fêmeas lactantes e leitões neonatos) e, nos últimos anos, vem sendo extremamente desafiada pelo aumento do número de leitões por leitegada e limitação fisiológica da fêmea suína de suprir as crescentes demandas dos leitões por colostro e leite.

Em termos fisiológicos e nutricionais, o colostro é essencial para a sobrevivência e desenvolvimento neonatal pois consiste na principal fonte de energia, imunidade passiva (IgG e IgA), nutrientes, hormônios, fatores de crescimento e enzimas. O colostro é caracterizado como a secreção mamária produzida nas primeiras 24 horas pós-parto, seguido pelo leite. O colostro possui maiores concentrações de proteínas totais e imunoglobulinas, e menores concentrações de lactose e gorduras quando comparado ao leite (Farmer e Quesnel, 2018).

Tabela 1: Composição do colostro e leite em função do intervalo de tempo relativo ao parto (Farmer e Quesnel, 2018).

Colostro Leite
Tempo relativo ao parto 0 h 12 h 24 h 36 h 72 h 17 dias
Matéria seca (%) 27,3 22,4 20,6 21,4 21,2 18,9
Proteína bruta (%) 17,7 12,2 8,6 7,3 6,1 4,7
Gordura total (%) 5,1 5,3 6,9 9,1 9,8 8,2
Lactose (%) 3,5 4,0 4,4 4,6 4,8 5,1
Energia (kJ/100g) 260 276 346 435 468 409
IgG (mg/mL) 64,4 34,7 10,3 3,1 1,0

Em virtude da importância do colostro para resposta imune, processo termorregulatório e desenvolvimento neonatal, um consumo mínimo de 250 a 300 g de colostro por leitão nas primeiras 24 horas de vida deve ser preconizado para garantia da vitalidade e desempenho dos animais. De acordo, estudos evidenciaram significante redução da mortalidade neonatal e aumento do peso ao desmame em leitões que consumiram maior quantidade de colostro nas primeiras 24 horas de vida (Figura 1).

Figura 1. Efeito da quantidade de colostro ingerido nas primeiras 24 horas de vida na (A) incidência de mortalidade pré-desmame (Quesnel et al. 2012); e (B) ganho de peso do leitão nas primeiras 24 horas (Devillers et al., 2004).

No entanto, o intenso melhoramento genético para aumento do número de leitões por leitegada tem resultado em consistente diminuição da ingestão de colostro e leite pelos leitões e, consequentemente, em diminuição do desempenho e aumento da mortalidade pré-desmame. Isso ocorre pois a capacidade produtiva da fêmea lactante não é proporcional ao tamanho da leitegada. Assim, uma redução de 30 g no consumo individual de colostro tem sido reportada para cada leitão adicional em leitegadas numerosas (Devillers et al., 2007). Também, quanto maior a leitegada, maior a incidência de disputas pelos tetos, brigas para estabelecimento de hierarquia, desuniformidade de leitegada e incidência de leitões de baixo peso. Esses fatores reduzem a quantidade de kg produzidos/fêmea/ano e, consequentemente, a produtividade e lucratividade cadeia produtiva.

Esse quadro pode ser agravado em condições de estresse e desafios ambientais que afetam negativamente a ingestão de alimento pela fêmea lactante, tais como temperatura ambiente, desafios sanitários, práticas nutricionais e de manejo incorretas. Em países de clima tropical, o estresse por calor é considerado o principal fator limitante de desempenho para fêmeas lactantes. Quando expostas a temperaturas ambientais acima de 18oC, as fêmeas reduzem o consumo de alimento com consequente aumento na mobilização de reservas corporais, redução na produção de leite, e falhas reprodutivas subsequentes. Por exemplo, o aumento da temperatura ambiente de 20 para 25oC está associado a uma redução de 750 g/dia no consumo de ração pela fêmea, 1135 g/dia na produção de leite, e uma diminuição de 400 g do peso vivo do leitão ao desmame (Ribeiro et al 2018).

Atenta às necessidades do cliente e na vanguarda de soluções para máximo desempenho produtivo e econômico, a Delacon, parceira da Cargill em aditivos para nutrição animal, desenvolveu uma tecnologia para melhoria da fisiologia e desempenho da fêmea em lactação e da sua leitegada. O Fresta F consiste em um blend de aditivos fitogênicos microencapsulados que aumenta a digestibilidade dos nutrientes e o consumo alimentar das fêmeas em lactação (Figura 2), o teor de gordura, lactose e imunoglobulinas do colostro (6 horas pós-parto), e o desempenho da leitegada. A suplementação de Fresta F também atua na redução da resistência à insulina e incidência de diabetes gestacional. Todos esses fatores contribuem para melhoria do desempenho produtivo e reprodutivo da fêmea suína que se traduz em ganhos econômicos e produtivos para o suinocultor.

Figura 2: Efeito da suplementação de Fresta F (400 ppm) durante a lactação no consumo alimentar de fêmeas em lactação de acordo com a ordem de parto (Delacon).

Outra estratégia nutricional consiste na suplementação de aminoácidos específicos que regulam as principais vias metabólicas para melhoria do desempenho, saúde, lactação e reprodução dos animais. De forma consistente, a suplementação de triptofano durante o terço final da gestação e durante a lactação tem contribuído para aumento do consumo de ração e produção de leite, diminuição da mobilização corporal, e aumento do ganho de peso da leitegada (Miao et al, 2019). O triptofano é precursor do neurotransmissor serotonina que atua no estímulo do apetite e controle da resposta ao estresse (ansiedade, agressão, irritação, dor). Assim, sua suplementação está diretamente relacionada à melhoria do consumo alimentar e desempenho durante a lactação. Também, a suplementação de arginina tem se mostrado promissora para melhoria da vascularização da glândula mamária e produção de leite, e estímulo do desenvolvimento neonatal (Rodrigues et al., 2021; Cui et al., 2017).

Adicionalmente, em condições de diminuição de consumo de ração na lactação, por exemplo em situações de estresse por calor, uma estratégia nutricional consiste em aumentar a concentração dos nutrientes da ração por meio da suplementação com óleos e gorduras que, além de aumentar o valor energético da dieta, contribuem para redução da produção de calor associada à alimentação (incremento calórico). Também, deve-se preconizar pela redução do teor de proteína bruta das dietas e suplementação com aminoácidos livres com base no conceito de proteína ideal. Essas estratégias contribuem para aumento do consumo alimentar e diminuição da perda de peso corporal da fêmea em lactação e melhoria do desempenho reprodutivo nas fases subsequentes.

Por fim, premissa básica para o bom desempenho consiste na formulação de dietas precisas, de acordo com o estado fisiológico e às exigências de mantença e produção (colostro e leite) da fêmea lactante e da leitegada. O cenário é desafiador, mas muito próspero quando utilizamos de conhecimento e tecnologias para melhoria dos índices produtivos e econômicos de cada sistema de produção.

Deixe um comentário

Your email address will not be published.