Uso de rações minipeletizadas para leitões
A suinocultura é uma atividade constantemente desafiada a melhorar a eficiência na produção para que os suinocultores se mantenham competitivos no mercado. Atualmente passamos por um momento em que os custos de produção são elevados e de alta volatilidade, já que o milho e a soja estão comercializados por preços nunca vistos. Neste sentido, a especialização de etapas críticas da produção torna-se uma alternativa para otimizar o processo produtivo e manter a atividade rentável.
Em um cenário de altos custos, a busca por eficiência em transformar matérias primas em carne se tornou o principal desafio para a sobrevivência dos produtores na atividade. O uso de rações minipeletizadas para leitões é uma alternativa interessante pois pode melhorar o desempenho dos animais, especialmente a conversão alimentar.
No mercado brasileiro é comum dividirmos as dietas de leitões em pelo menos quatro fases, do desmame até a saída de creche. As três primeiras fases são consideradas as mais críticas do ponto de vista de produção, pois são dietas complexas que possuem um número grande de ingredientes em sua composição. Além disso, do ponto de vista nutricional e imunológico, são as fases fundamentais, pois fazem a transição dos leitões de uma dieta líquida (leite materno) para uma dieta sólida. Após essa adequada preparação, o leitão está apto a consumir uma dieta menos complexa, como a quarta fase da creche.
Produzir rações de qualidade para leitões é uma verdadeira arte. O cuidado inicia-se no rigor e escolha das melhores matérias primas, garantindo que seja livres de contaminantes, micotoxinas e/ou fatores antinutricionais. Além disso, a utilização de fontes proteicas e energéticas de alta digestibilidade são fundamentais, pois logo após o desmame, o leitão ainda não produz algumas enzimas digestivas na quantidade e/ou velocidade adequado para digerir ingredientes de origem vegetal. Minimizar ao máximo a quantidade de proteína fermentável, que nada mais é que a proteína não digerida adequadamente e que se torna substrato para fermentação por bactérias no intestino grosso, é uma estratégia importante na nutrição de leitões para diminuir incidência de diarreia.
Fonte: Cargill
Nas rações minipeletizadas para leitões, além de todo o cuidado com a seleção dos ingredientes, também é importante observar o processo de produção e tecnologias de processamento empregadas que garantam um pellet macio e com baixo teor de finos. Com isso, os ganhos em conversão alimentar podem chegar até a 12% na fase de creche quando comparado com rações fareladas.
De forma geral, as rações minipeletizadas reduzem o desperdício de ração, a segregação dos ingredientes, melhora a palatabilidade e aumenta digestibilidade de nutrientes, porém estes impactos dependem diretamente da qualidade do processo de peletização. Na rotina de uma fábrica de rações que produz rações para todas as fases de produção dos suínos, a fase de creche representa apenas 8% do volume total e muitas vezes pela baixa representatividade e alta complexidade de produção nem todos os cuidados necessários são tomados. Por isso, uma fábrica específica, dedicada a fazer estes produtos que são verdadeiras especialidades é fundamental.
A peletização das rações de creche ainda traz benefícios do ponto de vista do manejo em sistemas de alimentação automatizados, pois as rações minipeletizadas tem uma alta fluidez e facilitam muito a regulagem dos comedouros, evitando desta forma o desperdício das rações. Além disso, o uso de rações peletizadas reduzem a poeira nas instalações, melhorando o ambiente para os animais e colaboradores.
Fatores que são corriqueiros em uma fábrica, mas fazem toda a diferença nos resultados precisam ser constantemente monitorados, avaliados e ajustados para que possa aproveitar ao máximo o potencial da dieta. Por exemplo, tempo e temperatura de retenção, são parâmetros que afetam diretamente o grau de gelatinização do amido, fator que proporciona melhora na digestibilidade dos nutrientes. Outro exemplo é a granulometria, que é o tamanho das partículas da dieta, ela afeta de forma direta o desempenho dos leitões.
A quantidade de finos na ração também impacta diretamente no desempenho. Quanto maior a quantidade de finos, menores são os ganhos com a peletização, por isso um processo ajustado e que garanta que a ração chegue integra até o comedouro é parte fundamental do processo. Isso porque, a composição nutricional de um pellet intacto e dos finos podem diferir significativamente, impossibilitando que o leitão consuma exatamente o que foi formulado para aquela dieta. O ideal é que o percentual de finos na ração minipeletizada não seja maior que 5% para que se tenha todos os benefícios da peletização. Não só um processo adequado, mas diferentes tecnologias de descarga dos caminhões que transportam essas rações podem também influenciar neste parâmetro.
Outro parâmetro fundamental em qualidade de pellet é a dureza, ela impacta de forma direta o consumo pós desmame e o desempenho dos animais. Por possuir uma grande quantidade de ingredientes lácteos e outros componentes mais sensíveis à altas temperaturas, o controle e uso de tecnologias de processamento na peletização para rações da fase de creche é fundamental. A qualidade do processo de peletização também pode ser avaliada pelo PDI (do inglês, pellet durability index). Esse valor é obtido através de equipamentos que simulam vibrações e movimentos que existem da produção do pellet até a chegada no comedouro, avaliando a quantidade de pellet intactos. Para PDI, valores acima de 94% são considerados pellet de alta qualidade.
Fonte: Cargill
Não há dúvidas em relação aos benefícios que a peletização das rações na fase de creche proporciona do ponto de vista de manejo, saúde e desempenho dos animais. Como toda a tecnologia de processamento, a peletização agrega custos adicionais ao processo, mas em um cenário onde a alimentação representa mais de 80% do custo de produção, os ganhos em conversão alimentar viabilizam a aplicação desta tecnologia para leitões.