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Mitos e verdades sobre a utilização de dieta líquida na criação de bezerras

Mitos e verdades sobre a utilização de dieta líquida na criação de bezerras

Nos últimos anos, o desenvolvimento contínuo de pesquisas e tecnologias produziu informações valiosas sobre os bezerros, que trouxeram grandes avanços principalmente ao se tratar da utilização de dieta líquida. Diferentes estratégias de aleitamento e tecnologias estão sendo implementadas em muitas propriedades no Brasil e no mundo, entretanto, alguns mitos ainda persistem e precisam ser esclarecidos.

1) O fornecimento do leite de transição é fundamental para o desempenho e saúde das bezerraas?

VERDADE. O leite de transição é obtido a partir da segunda ordenha dos animais até aproximadamente três dias de lactação. Quando comparado ao leite integral, apresenta menor concentração de lactose e maior concentração de gordura, proteína, aminoácidos, fatores de crescimento e compostos bioativos. É responsável por proteger as bezerras contra patógenos entéricos, reduzindo a ocorrência e severidade das diarreias; auxilia no estabelecimento da microbiota intestinal e desenvolvimento dos intestinos além de ser fundamental na transição da dieta, uma vez que a concentração de lactose aumenta progressivamente, respeitando o aparato enzimático das bezerras.

2) O fornecimento de sucedâneo não pode ser recomendado durante todo o período de aleitamento?

MITO. A qualidade do sucedâneo utilizado irá definir o momento certo de iniciar sua utilização. Nas primeiras semanas de vida das bezerras, as principais enzimas responsáveis por digerir as proteínas no abomaso são a quimosina (digere a caseína) e a pepsina (digere as proteínas do soro de leite). Por isso, nessa fase, a utilização de sucedâneos de alta qualidade que contenham maior proporção de proteínas de origem lácteas é imprescindível.  À medida que as bezerras envelhecem (quarta semana de idade), o trato gastrointestinal passa por inúmeras transformações e sua capacidade digestiva para proteínas não lácteas aumenta, o que flexibiliza a utilização de sucedâneos de qualidade inferior, contendo fontes de proteína vegetal.

3) A dieta líquida deve ser fornecida em temperatura de 39ºC?

VERDADE. A dieta líquida (leite/sucedâneo) deve ser fornecida a 39ºC (mínimo 35ºC, no último bezerro), temperatura próxima a do corpo das bezerras. O fornecimento de leite “frio” pode comprometer o ganho de peso dos animais, além de aumentar a ocorrência de falha no processo de fechamento da goteira esofágica, resultando na ocorrência de beber ruminal.

4) O leite de vaca por ser um produto natural é a melhor opção para ser utilizado no aleitamento das bezerras?

MITO. Durante muito tempo, as tentativas de substituir o leite integral no aleitamento das bezerras foram, geralmente, malsucedidas, o que prejudicou a imagem dos sucedâneos em todo o mundo. Com o passar do tempo, o desenvolvimento contínuo da tecnologia associado ao conhecimento da fisiologia dos animais fez com que as fórmulas de sucedâneos fossem aprimoradas e desenvolvidas para melhor atender as exigências nutricionais, sem comprometer a saúde e desempenho dos animais. Atualmente, existe no mercado sucedâneos de boa qualidade que podem ser utilizados durante todo o período de aleitamento.

5) O leite de vaca é sempre mais barato para ser utilizado no aleitamento das bezerras?

MITO. No Brasil, o preço do leite sofre grandes oscilações ao longo de todo o ano, sendo importante sempre comparar com preços dos sucedâneos disponíveis no mercado. Entretanto, cabe ressaltar que sucedâneos de boa qualidade normalmente apresentam um custo superior quando comparado com sucedâneos de qualidade inferior. Por isso, atenção especial deve ser dada na escolha do produto a ser utilizado.

6) Sucedâneo é difícil de usar?

MITO. Durante a rotina no bezerreiro, o sucedâneo pode ser facilmente preparado. Para o preparo é fundamental a utilização de balanças, para certificar a quantidade de sucedâneo utilizado, evitando variações em cada aleitamento. Após a pesagem, aqueça o volume de água necessário a temperatura de 42ºC e adicione todo o sucedâneo. A temperatura é fundamental para a correta diluição do produto. Homogenize bem todo o sucedâneo até a completa diluição. Após este procedimento, o sucedâneo pode ser fornecido para as bezerras.

7) Os sucedâneos podem ser utilizados para reduzir a transmissão vertical de doenças?

VERDADE. Nos últimos anos, com o avanço dos sistemas de confinamento (Compost e Free-Stall), os desafios sanitários intensificaram e medidas de prevenção/controle passaram a ser ainda mais importante. Em um sistema de produção, sabemos que algumas doenças tais como micoplasmose, tuberculose, paratuberculose, salmonelose, diarreia viral bovina, mastites (Staphylococus aureus e Streptococcus agalactiae), leucose bovina e leptospirose podem ser transmitidas para os animais jovens durante o aleitamento, após o consumo do leite de vacas portadoras de enfermidades. Pensando nisso, a utilização de sucedâneos se torna uma ferramenta muito importante, uma vez que durante sua produção, a alta temperatura atingida no processo é responsável por eliminar as bactérias presentes no produto, reduzindo o risco de transmissão de doenças.

8) O uso de um bom sucedâneo no aleitamento das bezerras permite antecipar a idade ao primeiro parto?

VERDADE. A utilização de um sucedâneo de boa qualidade no aleitamento é crucial para atingir bons resultados em ganho de peso das bezerras. No geral, para que possa atingir um bom desempenho as bezerras devem receber no mínimo 6 a 7 L/dia de sucedâneo com no mínimo 12,5% de sólidos totais (o que corresponde à ingestão de 750 a 875 g/dia de sólidos). Nas primeiras quatro semanas de vida, podemos aumentar a ingestão de sólidos totais em busca de atingir ganhos de peso médio de 600 a 700 g/dia (raças grandes) e reduzir gradativamente o oferecimento da dieta líquida, em busca de estimular o consumo de concentrado.

9) Sucedâneos podem conter aditivos em sua composição responsáveis por promover a saúde intestinal e pulmonar das bezerras?

VERDADE. Os sucedâneos de leite são formulados baseado nas mais recentes pesquisas em nutrição de bezerras e tecnologias inovadoras do mundo, que ajudam os produtores a maximizar o desenvolvimento dos animais, moldando o intestino para uma absorção ideal de nutrientes e protegendo as vias aéreas, melhorando a função respiratória, imunológica e saúde digestiva. Os principais aditivos utilizados em nossos sucedâneos são:

  • Neotec 4: aditivo composto por um blend de ácidos graxos que fornecem nutrientes essenciais não encontrados em nenhum ingrediente usado na nutrição de bezerras;
  • Progres: É derivado de uma resina de defesa natural das Coníferas (pinheiros mais longevos do mundo). Esta resina é fonte de ácidos resínicos que, em pesquisas científicas, apresentam efeito antimicrobiano e anti-inflamatório contra fungos, parasitas e bactérias.
  • Progres®: contém ácidos graxos e ácidos resínicos livres, além de ser uma excelente fonte de energia, responsável por reduzir o uso de antimicrobianos em quadros de pneumonias (-25%).

10) Leite descarte pode ser prejudicial à saúde das bezerras?

VERDADE.  O leite de descarte apresenta três grandes desafios ao ser utilizado no sistema de criação, dentre eles: elevada carga microbiana; oscilação na composição nutricional e presença de resíduos de antimicrobianos. Quando utilizado na dieta líquida dos bezerros os resultados sobre a saúde e desempenho são ainda inconclusivos. Entretanto, sabe-se que a presença de resíduo de antimicrobiano pode ocasionar a seleção de bactérias resistentes, pelo menos durante toda a fase de aleitamento dos animais.

11) Oferecer elevado volume de leite/sucedâneo durante todo o aleitamento pode impactar negativamente o desaleitamento?

VERDADE. O fornecimento de grandes volumes de dieta líquida (> 7 L/dia) durante todo o aleitamento das bezerras pode comprometer o consumo de concentrado e atrasar o desenvolvimento ruminal. Dessa forma, a partir de 30 dias de vida é aconselhável reduzir o fornecimento da dieta líquida para estimular o consumo de concentrado e estimular o desenvolvimento do rúmen, minimizando as perdas de desempenho após o desaleitamento.

12) A utilização de sucedâneos no aleitamento das bezerras provoca diarreias?

MITO. A utilização de sucedâneos de excelente qualidade não oferece risco a saúde animal. Entretanto, falhas na diluição do sucedâneo resultam em variações no teor de sólidos totais e, consequentemente, na quantidade de nutrientes consumida. Quando consumido em excesso, mesmo que de boa qualidade, o alto teor de sólidos totais resulta no aumento da osmolaridade do sucedâneo, principalmente devido às maiores concentrações de sódio, lactose e proteína. Normalmente, o leite e sucedâneos diluídos para 12,5% de sólidos apresentam osmolaridade em torno de 280 mOsm, semelhante à osmolaridade do sangue dos animais. Para evitar efeitos adversos, como a diarreia osmótica, não devemos ultrapassar 600 mOsm na dieta líquida de bezerros.

13) O fornecimento de elevado volume de leite/sucedâneo pode provocar diarreias?

MITO. Ao contrário do que muitos acreditam, o consumo de maiores volumes de leite/sucedâneo não provoca diarreias. Só para se ter uma ideia, bezerros criados com suas mães ingerem até 12 litros de leite/dia. A ocorrência de diarreias está relacionada à baixa qualidade nutricional de alguns sucedâneos e erros na diluição, falta de higiene no manejo alimentar, e principalmente devido à contaminação do ambiente de criação das bezerras.

14) O adensamento do leite pode ser uma ferramenta para reduzir o volume de leite utilizado no sistema de criação?

VERDADE. A utilização de um sucedâneo/corretor de boa qualidade pode ser uma ferramenta importante para aumentar os teores de sólidos totais do leite, mantendo o volume da dieta líquida fornecida. Evite ultrapassar teores de sólidos acima de 15%, para minimizar a ocorrência de diarreias e distúrbios abomasais. Lembre-se de sempre certificar da diluição final do produto com auxílio de refratômetro Brix e de manter disponível à água de boa qualidade durante todo o dia para os animais.

15) Cada dia que uma bezerra fica doente representa uma perda de 126 kg de leite na produção futura de leite?

VERDADE. A ocorrência de doenças na fase de aleitamento (diarreias e pneumonias) são responsáveis por ocasionar perdas a curto, médio e longo prazo na vida das bezerras. Dependendo do órgão afetado e do comprometimento do mesmo, as perdas no potencial produtivo futuro são grandes e devem ser levadas em consideração.

16) O ganho de peso diário durante a fase de aleitamento pode influenciar na produção futura dos animais?

VERDADE. Bezerras que apresentam elevado ganho de peso (> 800 g/dia) durante as primeiras oito semanas de vida tendem a ser vacas mais produtivas. Esse efeito estar relacionado a dois principais fatores: maior desenvolvimento da glândula mamária e do intestino delgado das bezerras.

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