Nutron Blog
That's right, we only sell 100% organic
+1 (850) 344 0 66
Impacto do estresse térmico no desempenho de poedeiras

Impacto do estresse térmico no desempenho de poedeiras

As poedeiras comerciais, assim como as outras aves de interesse produtivo, foram selecionadas ao longo dos anos visando sempre a melhoria dos parâmetros zootécnicos de interesse comercial. Em contrapartida, toda a rusticidade que estes animais naturalmente apresentavam na natureza foi diminuindo, tornando estas aves menos resistentes à doenças e variações climáticas drásticas, por exemplo.

Quando falamos em estresse térmico nos referimos à variações no ambiente que levam a ave para fora de seu conforto fisiológico, a chamada zona termo neutra. Nessa faixa de temperatura ideal, a ave não precisa ativar nenhum mecanismo fisiológico ou mecânico (ao custo de gasto de energia e nutrientes) para ajustar a sua temperatura corporal ideal. Com isso parte do superavit nutricional conseguido pelo consumo da ração é direcionado para a produção.

Toda vez que se encontram fora da zona termo neutra as aves ativam mecanismos fisiológicos e comportamentais na tentativa de retornar ao seu estado de equilíbrio. Vasodilatação, vasoconstrição, aumento da frequência respiratória, tremores e amontoamento, são algumas das formas que a ave busca para se proteger do estresse causado pela alteração da sua temperatura corporal.

Nos ambientes interno dos galpões são três os fatores que interferem ativamente na temperatura efetiva das aves: a temperatura, a umidade e a velocidade do ar. A interação entre estas três variáveis são determinantes para que as aves estejam ou não em conforto térmico. Não podemos nos basear em apenas um destes parâmetros para definir se a ave está ou não em situação de estresse, já que a relação entre eles é o que determina o quão impactante as condições do ambiente serão.

As aves mudam rapidamente a sua temperatura de conforto durante o seu ciclo de vida. Considerando-se uma umidade relativa do ar ideal entre 50 e 60%, uma pintainha recém alojada terá uma temperatura ambiental de conforto próxima de 33°C. Ao longo das semanas esta temperatura reduz, por volta de 2 a 3°C a cada 7 dias, até que as aves atinjam a estabilidade no seu conforto térmico ao redor de 25°C.

As aves criadas em gaiolas possuem duas formas principais de troca de calor com o ambiente: pela convecção e pelo aumento da taxa respiratório (ofego). Pela convecção, as aves se beneficiam do movimento do ar próximo à seus corpos para realizar a troca térmica com o ambiente. Para que isso ocorra com eficiência precisamos de correntes de ar passando sobre elas. Galpões climatizados que trabalham com pressão negativa para a movimentação do ar tem maiores vantagens nesse ponto, uma vez que o processo é controlado e dinâmico (Figura 1).

Figura 1 – Aviário de pressão negativa usando a velocidade do ar no controle do conforto térmico das aves.

Já o ofego se utiliza do princípio da evaporação para reduzir a temperatura interna das aves. No processo de evaporação, a água retira calor do ambiente ao seu redor, no interior das vias respiratórias da ave, ao custo da saturação da umidade relativa do ar. A ave então expira o ar saturado e quente, inspirando ar menos saturado e mais fresco do ambiente, reduzindo assim a temperatura interna. Este mecanismo é o mais eficiente e é responsável por cerca de 70% da perda de calor da ave para o ambiente. Contudo devemos nos atentar que para esse mecanismo funcionar com toda a sua eficiência, as condições de umidade relativa do ar do ambiente precisam estar dentro do limite tolerável para as aves. Umidades relativas acima de 80% diminuem drasticamente a troca de térmica da ave via este mecanismo. Um estudo do professor Michael Czarick demonstra em forma de gráfico essa correlação entre as variáveis e a diminuição da troca de calor com o ambiente (Figura 2).

Figura 2 – Quantidade de calor trocada com o ambiente (BTUs/h) por cada via a 25 (77°F) e 30°C (86°F) em diferentes umidades relativas do ar. Fonte: Adaptado de M. Czarick (UGA University).

Os impactos do desequilíbrio causado pelo estresse térmico nas aves são bem conhecidos. Nas fases iniciais é mais comum ocorrerem estresses causados pelas baixas temperaturas. Nesta situação o déficit nutricional provocado pela baixa temperatura impacta diretamente sobre o desenvolvimento das pintainhas causando desuniformidade nos lotes. Isso ocorre devido ao consumo de nutrientes via ração se tornar insuficiente para a manutenção das atividades basais das aves. Os mecanismos ativados na tentativa de gerar calor interno acabam por consumir os recursos que seriam usados para o desenvolvimento de tecidos e órgãos. Desta maneira as aves dominantes acabam por impedir o consumo das outras para garantir a sua maior ingestão de ração, causando desigualdade no desenvolvimento do lote e afetando todo o desenvolvimento inicial das aves. Este problema se reflete na fase de produção, causando interferência negativa nos parâmetros produtivos e imunológico das aves pelo atraso ou mal desenvolvimento dos sistemas.

Em lotes mais velhos o principal ponto de atenção quando pensamos no nosso clima é o calor. As altas temperaturas impactam muito mais negativamente as aves do que as baixas temperaturas que temos no país. Um dos primeiros e principais problemas das altas temperaturas é a diminuição do consumo de ração. Ela ocorre pois a digestão dos nutrientes, principalmente a proteína, requer uma atividade metabólica intensa que gera aumento da temperatura interna das aves. Em um estado de temperatura elevada, a resposta mais simples para a ave frente ao desafio é a diminuição da ingestão da ração. Isso acaba gerando déficit diário de nutrientes e interferindo negativamente nos parâmetros zootécnicos, como queda na produção diária de ovos, por exemplo.

Além da produção, são sentidas quedas na qualidade geral dos ovos quando as aves são submetidas à altas temperaturas. Estes efeitos podem ser diretos, causados diretamente pelo estresse fisiológico da temperatura corporal elevada ou efeitos indiretos que são resultantes dos déficits nutricionais provocados pela diminuição do consumo de ração e consequentemente dos nutrientes. É comum que haja aumento de ovos trincados devido à diminuição da qualidade das cascas. A qualidade interna também é afetada e os sinais mais comuns são ovos com claras mais aquosas.

Em casos extremos, quando o ambiente se torna extremamente quente ou uma combinação de altas temperaturas com alta umidade e baixa ventilação, ou ainda quando ocorrem estresses contínuos e prolongados, é comum que haja altas taxas de mortalidade especialmente nas poedeiras vermelhas que são menos tolerantes a essa exposição.

Estratégias nutricionais, de operação dos equipamentos de climatização e de construção de galpões são as melhores maneiras de proteger as aves contra as interferências do ambiente externo. Com as tecnologias disponíveis hoje é perfeitamente possível passar períodos críticos do ano com o mínimo de influência possível das variáveis climáticas, desde que sejam utilizadas no momento e forma correta.

Deixe um comentário

Your email address will not be published.