Bovinos de leite: por que substituímos metade da vitamina E pelo ProviE?
Por que substituímos metade da vitamina E pelo ProviE nos produtos para bovinos de leite?
A vitamina E é um dos nutrientes exigidos pelos bovinos leiteiros para mantença, crescimento, produção e reprodução. É inegável a sua função em inúmeros processos metabólicos, principalmente na manutenção da integridade celular pelo combate aos metabólitos reativos do oxigênio, também chamados de radicais livres. Cada vez mais o seu uso vem ganhando popularidade com algumas recomendações superando várias vezes as recomendações do NRC 2001. O objetivo desta revisão é mostrar que níveis excessivos de vitamina E podem ser nocivos para a vaca leiteira e mostrar ao leitor que o sistema antioxidante é formado por diversas enzimas e nutrientes e que o foco deve ser colocado em todos eles de forma equilibrada.
Como funciona o sistema antioxidante
Durante a respiração celular são produzidos compostos intermediários que podem causar danos as células, quando produzidos em quantidades excessivas (esquema baixo). Estes mesmos compostos, denominados de radicais livres, são usados pela própria célula em alguns mecanismos de defesa contra patógenos.
Existe uma série de fatores que aumentam a produção dos radicais livres nos sistemas produtivos em geral:
- Período de transição (pré e pós-parto imediato);
- Estresse calórico;
- Elevada produção de leite;
- Falta de conforto para os animais;
- Suplementação elevada de gordura;
- Desequilíbrio na dieta;
- Excesso de ferro e cobre na dieta;
- Presença de micotoxinas na dieta;
- Doenças infecciosas;
- Processos inflamatórios;
- Etc.
O esquema acima mostra três enzimas que são responsáveis por amenizar os danos causados pelos radicais livres: superóxido dismutase, glutationa peroxidase e catalase. Elas transformam os radicais livres em compostos que não causam danos à célula. As principais substâncias antioxidantes suplementadas como nutrientes em dietas de vacas leiteiras são: vitamina E, selênio, zinco, manganês e cobre. É importante ressaltar que algumas destas moléculas, quando suplementadas em excesso, aumentam a produção de radicais livres. Os mais citados no meio científico são o ferro e o cobre, mas já existem evidências de que o mesmo ocorre para a vitamina E, assim como não podemos descartar que o mesmo possa acontecer com as demais substâncias antioxidantes. Parece que o equilíbrio é a chave do sucesso.
O que é estresse oxidativo
A expressão “estresse oxidativo” é muito comum nos dias de hoje e refere-se quando a produção de radicais livres supera a capacidade de neutralização dos mesmos através do sistema antioxidante. Um exemplo clássico de estresse oxidativo são vacas que parem com excessiva condição corporal e que não recebem uma adequada suplementação mineral vitamínica durante o período de pré-parto, sobretudo se isso ocorrer no verão e com dieta contendo elevados níveis de micotoxinas.
O combate ao estresse oxidativo começa pela redução dos fatores que causam aumento na produção dos radicais livres:
- Oferecer resfriamento aos animais;
- Dimensionar as instalações adequadamente;
- Alimentar os animais com dietas balanceadas;
- Usar alimentos livres de micotoxinas ou adsorvente para controle das mesmas;
- Monitorar doenças e processos inflamatórios.
Evidentemente, existem aspectos que aumentam o estresse oxidativo que fazem parte da rotina de uma fazenda e que são inevitáveis, como o aumento da produção de leite e o período de transição. Por outro lado, se trabalharmos nos fatores citados acima, estes desafios diminuem.
O próximo passo para o controle dos radicais livres seria o fornecimento de substâncias que têm poder antioxidante. Desta forma, a formulação de dietas respeitando as recomendações do NRC 2001 com ajustes sugeridos pelas pesquisas mais recente seja uma boa prática a ser seguida.
O que é o sistema de recuperação da vitamina E
A avaliação do status de vitamina E em bovinos de leite é feita através da mensuração dos níveis de alfa-tocoferol sanguíneo. O status da vitamina E pode ser influenciado por inúmeros fatores, mais os principais seriam o estresse oxidativo e a suplementação de vitamina E propriamente dita.
No entanto, a decisão de suplementar mais ou menos vitamina E não deve ser baseada apenas nestes dois fatores, pois caso contrário, podem ocorrer efeitos adversos, como aumento nos casos de mastite. Os pontos a serem avaliados deveriam ser os seguintes:
- O grau do estresse oxidativo;
- O status de vitamina E dos animais antes do início da suplementação;
- A suplementação de outras substâncias que contribuem no combate ao estresse oxidativo e na recuperação da vitamina E.
A resposta às doses elevadas de vitamina E somente são esperadas na pior das combinações acima, ou seja, estresse oxidativo elevado, status ruim de alfa-tocoferol sanguíneo anterior e suplementação deficiente de substâncias antioxidantes e que contribuem para a recuperação da vitamina E. Nas outras situações, níveis próximos ao NRC 2001 atenderiam com segurança o requerimento dos animais para manter alta performance.
Entre as substâncias envolvidas na recuperação da vitamina E estão os polifenóis e a colina protegida. Isso significa que, em comparação com a mesma dieta, conseguimos manter os níveis de alfa-tocoferol sanguíneo com níveis mais baixos de vitamina E sintética suplementar quando usamos polifenóis ou que conseguimos níveis mais elevados de alfa-tocoferol quando suplementamos colina protegida em dietas com o mesmo nível de vitamina E sintética em vacas com escore corporal elevado.
Naturalmente, os radicais formados após a reação da vitamina E com os radicais livres são regenerados através de um sistema de antioxidantes denominado de sistema de regeneração da vitamina E (VERS, em inglês). Os polifenóis estão envolvidos neste mecanismo que envolve o ácido ascórbico (vitamina C) e a enzima glutationa peroxidase. Quando este sistema está otimizado, elevadas doses suplementares de vitamina E não são necessárias (tabela abaixo) ou podem ser tóxicas.
Vitamina E (UI/d) por bezerra | 0 | 125 | 250 | 500 |
Ganho médio diário (g) | 744a | 857b | 851b | 779ab |
Consumo de concentrado diário (kg) | 2,20 | 2,30 | 2,18 | 1,93 |
A ciência por trás do ProviE
O ProviE é um produto composto por três diferentes polifenóis de elevado poder antioxidante:
- Catequinas, comumente encontradas em extrato de semente de uva e chá verde;
- Quercetinas, encontrada em diversas plantas como por exemplo na cebola;
- Ácido rosmarínico, encontrado em diversas plantas.
Na tabela abaixo podemos verificar a capacidade antioxidante de alguns polifenóis presentes na natureza.
Extratos de plantas | Alecrim | Uva | Citrus | Calendula |
Conteúdo de polifenol, mg/g | 16 | 651 | 213 | 77 |
Capacidade antioxidante, umol/g | 469 | 6630 | 212 | 962 |
A Cargill Nutrição Animal – Nutron fez uma série de provas para avaliar a estabilidade destes compostos a elevadas temperaturas, teste necessário para avaliar a resistência no processo de peletização, ao processo de fermentação ruminal e no papel de recuperação da vitamina E.
Em um dos experimentos feitos no Centro de Inovação Global de Velddriel (Holanda), vacas com produção média de 32 kg/dia foram submetidas a dois tratamentos após um período sem suplementação de vitamina E de duas semanas. O tratamento controle foi a suplementação de 500UI de vitamina E sintética e o outro tratamento foi a suplementação de 200UI de vitamina E sintética com 300UI de vitamina E equivalente proveniente do ProviE, por mais duas semanas. Os dados estão na tabela abaixo.
Parâmetro sanguíneo | Controle | ProviE | Efeito do tratamento (P<[x]) |
Se-GSHPx, ug/dl | 95,4 | 96,2 | 0.55 |
FRAP, nmol Fe+2/ml | 180,6 | 183,3 | 0.73 |
α-tocoferol, µg/ml | 3,93 | 4,10 | 0,39 |
SOD, U/ml | 1,85 | 1,89 | 0,77 |
β-caroteno, ug/l | 241 | 232 | 0,70 |
A tabela acima mostra que a substituição de 60% da vitamina E pelo ProviE não reduziu os níveis sanguíneos de α-tocoferol, mostrando a sua atuação no sistema de recuperação da vitamina E, mesmo após os animais terem passado duas semanas sem a suplementação de vitamina E. A glutationa peroxidase e o FRAP não foram afetados negativamente e ambos fazem parte deste mecanismo.
Foi realizado outro experimento para avaliar a substituição da vitamina E durante o período de transição e seus reflexos em performance e alguns parâmetros metabólicos. Como abordado anteriormente, a fase de transição é uma das fases de maior estresse oxidativo. Os animais foram divididos em um dos quatro tratamentos:
- Controle: 500 UI/d vitamina E;
- Alta Vit E: 2000 UI/d vitamina E;
- Alto ProviE: 500 UI/d vitamina E + 1500 UI/d ProviE
- Altos Vit E/ProviE: 2000UI/d vitamina E + 1500 UI/d ProviE
Os animais foram mantidos nestes tratamentos três semanas antes do parto e três semanas após o parto. Os resultados encontram-se na tabela abaixo:
Embora tenha superioridade numérica em produção de leite e conversão alimentar, não foi detectada diferença significativa entre os tratamentos. Com relação a composição do leite, houve tendência em aumentar o teor de gordura no leite (P=0,11) e produção de gordura (P=0,09).
Foram realizados uma série de outros trabalhos in vitro e in vivo que comprovam os resultados desta importante tecnologia e sua potencialidade promissora na bovinocultura de leite, assim como em bovinos de corte, suínos e aves. Alguns destes trabalhos mostram o aumento do tempo de prateleira para carne e leite, garantindo mais qualidade ao produto final, importante apelo ao consumidor.
O posicionamento do ProviE em bovinos de leite
A Cargill Nutrição Animal está sempre na vanguarda em pesquisa e inovação e vem colocando em prática a substituição de 50% da vitamina E pelo ProviE. Desta forma, a combinação da vitamina E sintética com o ProviE traz uma solução de alta performance para os nossos clientes em todo o mundo, combinando o poder antioxidante de várias moléculas, de forma equilibrada e consistente com as pesquisas nos Centros de Inovações Globais da Cargill.