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A importância de ingredientes by-pass para potencializar a produção de leite

A importância de ingredientes by-pass para potencializar a produção de leite

Como é sabido, vacas leiteiras são animais ruminantes que possuem estômago e processo digestivo bastante peculiares. Para sobreviver em dietas contendo exclusivamente forragem, como era na natureza, esses animais tiveram que desenvolver uma “parceria” com microrganismos (bactérias, protozoários e fungos) que passaram a habitar o rúmen – um dos compartimentos do estômago dos ruminantes – e garantir o aproveitamento da energia contida nas forragens, pois os mamíferos não produzem enzimas capazes de digerir os carboidratos complexos que compõem as plantas forrageiras, como celulose e hemicelulose.

Dessa forma os alimentos consumidos pelos ruminantes são “processados” pelos microrganismos que vivem no rúmen, o que apresenta algumas vantagens e desvantagens para os ruminantes, em especial para as vacas leiteiras, animais que possuem elevada demanda nutricional para garantir seu bem-estar e saúde e sustentar a produção de leite.

Dentre as desvantagens destaca-se a ineficiência do metabolismo energético desses animais, pois a grande maioria dos carboidratos – a principal fonte de energia das dietas – é digerida pelos microrganismos do rúmen, e as vacas acabam tendo que tirar a maior parte da energia que necessitam para mantença e produção de leite dos subprodutos da fermentação microbiana que acontece no rúmen. Quando consideramos a quantidade de energia contida nos carboidratos, o aproveitamento líquido pelas vacas fica em torno de 30% apenas.

Por outro lado, esse processo digestivo complexo tem uma grande vantagem. As células microbianas que morrem dentro do rúmen e chegam no intestino dos animais acabam se convertendo numa fonte muito boa de proteína para as vacas, tanto em termos de qualidade quanto de quantidade. Chamamos esse “pool” de células mortas de Proteína Microbiana (PMic), fração muito rica em aminoácidos (AA) essenciais para a saúde das vacas e para que elas possam produzir bem. Se a dieta das vacas estiver bem balanceada e elas tiverem condições adequadas de conforto para que consumam a quantidade esperada de alimentos, a PMic pode responder por 50 a 70% das necessidades diárias de AA das vacas.

Quanto mais produtivo for um animal, maiores suas necessidades nutricionais. Dessa forma, quando pensamos em vacas leiteiras de potencial genético elevado, é fácil imaginar que a demanda desses animais por nutrientes, especialmente energia e aminoácidos, é bastante elevada. Costumo dizer que vacas leiteiras são como atletas de alto desempenho. Um ser humano pesando aproximadamente 70kg tem uma necessidade energética diária em torno de 2.500 kcal para sua mantença. Para um atleta de alto desempenho de mesmo peso – por exemplo um ginasta olímpico – essa necessidade energética pode ir para além de 12.000 kcal/dia. Uma vaca produzindo 30-40 kg de leite ao dia, ou mais, certamente equivale a um atleta de alto desempenho.

Esses animais têm um desafio nutricional bastante elevado, pois não podem contar apenas com os subprodutos da fermentação ruminal – AGVs e PMic – para terem atendidos integralmente os seus requerimentos por energia e aminoácidos. É aí que entram em cena os alimentos que apresentam baixa degradabilidade ruminal, ou seja, que não são integralmente processados pelos microrganismos do rúmen, de forma que parte de seus nutrientes passe intacta por esse compartimento e seja aproveitada diretamente pelas vacas, sendo absorvida no intestino.

Quando formulamos uma dieta para vacas leiteiras sempre pensamos em atender as necessidades dos microrganismos do rúmen por nutrientes para que o processo fermentativo seja o mais eficiente possível, de forma que os animais consigam obter quantidades adequadas de energia e aminoácidos para seu metabolismo. Para vacas que produzem bastante leite geralmente não é possível atender integralmente os seus requerimentos nutricionais somente com os subprodutos do processo fermentativo no rúmen, ou seja, em muitos casos para que os animais possam expressar totalmente o seu potencial é necessário incluir na dieta ingredientes que “ofereçam” nutrientes que escapem da digestão microbiana no rúmen sendo digeridos no trato digestivo posterior e aproveitados integralmente pelos animais. Esses são os chamados ingredientes com baixa degradabilidade ruminal ou alimentos “by-pass”.

Atualmente trabalha-se bastante com fontes de gordura e proteína de baixa degradabilidade ruminal. O interesse pela utilização de fontes de gordura by-pass se dá pela possibilidade de aumentar a densidade energética das dietas sem aumentar drasticamente o teor de carboidratos não fibrosos da dieta (CNF), principalmente amido, o que é bastante interessante para minimizar o risco de acidose ruminal, distúrbio bastante prejudicial à saúde e desempenho das vacas e para ajudar os animais a não sofrer tanto os impactos do stress por calor. O processo fermentativo de carboidratos no rúmen produz uma grande quantidade de calor interno, e as fontes de gordura by-pass não geram calor de fermentação.

Há muitos trabalhos de pesquisa mostrando claramente os benefícios da inclusão de gordura by-pass, como o Nutrigordura Lac®, na dieta de vacas em lactação. É possível melhorar a eficiência alimentar (kg de leite/kg de alimento ingerido) em 5-10% e reduzir em até 10% a produção de metano no rúmen desses animais. Diversos estudos também mostram claramente os benefícios da suplementação lipídica sobre o desempenho reprodutivo de vacas leiteiras, com retorno mais rápido ao cio antecipando o estabelecimento de uma nova prenhez. Nossa experiência de campo com a utilização desse produto em centenas de fazendas leiteiras em todo o Brasil mostra um retorno sobre o investimento de 1,5 a 2:1, mesmo no atual cenário de preços dos suplementos de gordura, contando apenas com ganho em produção de leite e eficiência alimentar, sem considerar os ganhos possíveis em eficiência reprodutiva.

Para que o resultado seja o melhor possível e possa se apurar de fato esse retorno sobre o investimento é fundamental que se utilize produtos de alta qualidade. No caso das fontes de gordura, o mais importante é observar a composição em ácidos graxos da matéria prima utilizada. Fontes de gordura insaturada, além de não darem o mesmo resultado em produção de leite comparadas às fontes de gordura saturada, normalmente resultam em queda significativa no teor de gordura do leite, o que pode penalizar o produtor. A recomendação é sempre utilizar produtos que sejam compostos por fontes de gordura predominantemente saturadas, como o Nutrigordura Lac®.

Com relação à utilização de fontes de proteína by-pass na dieta das vacas, o objetivo é fazer com que mais AA essenciais possam chegar ao intestino das vacas, complementando positivamente com a provisão de AA da proteína microbiana. Ao formular dietas para vacas leiteiras um bom nutricionista sempre tem que buscar a melhor solução para que a produção de PMic no rúmen seja maximizada, o que significa mesclar adequadamente fontes de carboidratos e nitrogênio para que os microrganismos ruminais possam crescer e se multiplicar de forma eficiente. Mas, como já mencionado anteriormente, isso pode não ser suficiente para atender a toda a demanda de vacas leiteiras de alto potencial, notadamente no período pré-parto e na primeira metade da lactação. Dessa forma a utilização de fontes de proteína de baixa degradabilidade ruminal, como o SoyPass BR® se tornam interessantes.

Neste caso também a literatura científica é muito rica em exemplos dos benefícios da inclusão correta de algumas fontes de proteína by-pass à dieta de vacas leiteiras. Há diversos produtos dessa classe no mercado, compostos por diferentes matérias primas e utilizando diferentes tecnologias para reduzir a degradabilidade ruminal da proteína. É preciso escolher bem qual alternativa usar, e a recomendação é prestar muita atenção não só ao quanto da fração protéica é efetivamente by-pass, mas também à digestibilidade intestinal da proteína e composição em AA. Face às características das dietas mais comumente utilizadas para vacas leiteiras no Brasil, o ideal é buscar fontes de proteína by-pass que forneçam maiores quantidades de Lisina e Histidina, dois AA essenciais muito importantes para a saúde das vacas e produção de leite. Além disso, é preciso escolher produtos para os quais haja comprovação científica de seus benefícios.

Além da robusta base de informações científicas disponível, nossa experiência de campo com a inclusão do SoyPass BR® à dieta das vacas mostra retornos sobre o investimento da ordem de 3 a 5:1 nos atuais preços do leite e dos farelos protéicos. Os ganhos em produção de leite são muito consistentes, e também é possível obter aumentos em teor de proteína do leite, dependendo das características dos demais alimentos utilizados na dieta.

Em resumo, a utilização correta de ingredientes by-pass pode resultar em ganhos financeiros consistentes para o produtor de leite. A chave é escolher produtos de alta qualidade e formular corretamente as dietas, para que as características positivas desses ingredientes possam ser integralmente aproveitadas!

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